(*) Aurélio Vidal
O Norte de Minas é caracterizado como importante área do Cerrado brasileiro, constituído por uma riqueza cultural associada ao agroextrativismo, do qual o pequi é o principal fruto colhido.
Alguns anos atrás, Montes Claros foi alvo de um belo trabalho do Governo do Estado de Minas, por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) no fomento ao extrativismo através da produção do Coco Macauba. O objetivo era incrementar o beneficiamento do fruto típico do cerrado, com geração de emprego e renda envolvendo centenas de produtores rurais ligados à agricultura familiar. Eu estive lá e busquei conhecer como funcionava aquele importante e belo projeto.
Com o envolvimento de 350 famílias que se dedicavam à exploração do extrativismo, na época, o escritório regional da Emater de Montes Claros avaliou a possibilidade de criação de um programa especial de estimulo ao plantio e beneficiamento do coco macaúba na região do semiárido, levando-se em conta o potencial de emprego e renda que a atividade poderia gerar. Além da instalação de uma usina de beneficiamento de coco macaúba em Montes Claros, sob a coordenação da Associação Comunitária de Pequenos Produtores Rurais de Riacho Dantas e adjacências, a Emater entendeu que outro fator positivo que impulsionaria a atividade foi a decisão do Governo de Minas em promulgar uma lei regulamentando a exploração do fruto, trazendo novo alento para a agricultura familiar.
A unidade de beneficiamento foi instalada com recursos viabilizados pelo Governo de Minas por meio do Programa de Combate à Pobreza Rural (PCPR), coordenado pela Secretaria de Extraordinária de Desenvolvimento dos Vales Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas (Sedvan) e do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene). Parte do óleo extraído do fruto era utilizado na produção de sabão em barra, comercializado com a marca Cooper Riachão. O óleo extraído também era utilizado na produção de shampoo, desinfetante e cosméticos.
Foi em 2010 que tive a oportunidade de conhecer de perto e pautar sobre o processo da coleta extrativista, do beneficiamento e produção do sabão em barra realizado pelos sertanejos daquela importante Associação do Riachão. Hoje, 13 anos depois, estarei retornando naquela comunidade para saber como a andam os trabalhos. Vou buscar saber o que ocorreu de aprimoramentos e ganhos para essas famílias que sobreviviam daquele trabalho extrativista e se o projeto ainda permanece caminhando. Até porque, após a intervenção de algumas Organizações Não governamentais (ONGs), supostamente preocupadas com o povo sertanejo na nossa região, elas tem comprometido os trabalhos e aproveitado desse tipo de projeto para se beneficiar e prospectar recursos que nunca são aplicados efetivamente na manutenção dos projetos e nem mesmo no povo sertanejo. Movimentam milhões de reais, mas o dinheiro some com muita facilidade e sem nenhuma prestação de contas.
(*) Jornalista