Criada no dia 14 de outubro de 2014, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Nascentes Geraizeiras (MG), com 38,1 mil hectares, estabelecida em território dos município de Vargem Grande do Rio Pardo de Minas, Montezuma e Rio Pardo de Minas e gerida pelo ICMBio – Instituto Chico Mendes, surgiu com a promessa de combater o desmatamento do cerrado e conter as grandes empresas que exploravam as terras da região norte do Estado.
Contudo, prometia também garantir melhores condições de vida ao povo sertanejo e humilde do sertão das Minas Gerais.
Mas, quase 10 anos depois, a realidade é outra: a opressão do Instituto Chico Mendes sobre famílias que residem nesta área (muitos delas há mais de 100 anos) tem inviabilizado a produção desses pequenos produtores rurais que sobrevivem da agricultura familiar. Perseguições, penalidades e multas pesadíssimas tem tirado o sono, a tranquilidade e até a saúde do povo simples das comunidades rurais que integram essa reserva.
Eu estive percorrendo toda a região buscando conhecer e identificar a real situação desse povo que grita por socorro, mas que nunca é ouvido. São clamores abafados pela força do sistema e pela omissão da imprensa, que há muito, deixou de ser imparcial e defensora da justiça e da verdade de fato. Infelizmente os mais humildes estão segregados a este sistema covarde, nefasto e cruel que só pune os mais fracos e indefesos!
Com foco na “luta” (que luta?) de comunidades extrativistas (quais comunidades?), o que praticamente não existe da forma que deveria realmente ser: robusta, produtiva e com dignidade para as famílias que vivem incrustadas e abandonadas no cerrado e na caatinga da região norte das Minas Gerais, foi a forma de como o ICMEBio – Instituto Chico Mendes, iniciou o processo de criação da Reserva Nascentes Geraizeras. Na época, muitas promessas de apoio, de oportunidades e transformações para as famílias impactadas. Mas por falta de políticas públicas que de fato viabilizasse as condições e investimentos necessários, isso nunca aconteceu de maneira justa, responsável. Se algum dia existiu esses recursos, eles nunca chegaram por lá.
Depoimentos de sertanejos comprovam a realidade
E para comprovar essa realidade, são diversos depoimentos de sertanejos locais e do real cenário vivido por este povo. As imagens e depoimentos são impactantes. O abandono e descaso com que essas famílias sempre foram tratadas ao longo dos anos pelo sistema público é uma lamentável e triste realidade. Agora, aliada as degradantes condições pós criação dessa reserva, a coisa só piorou.
A realidade atual é que comprometeram a cadeia produtiva da agricultura familiar, a geração de emprego e renda e até a saúde do povo sertanejo da região norte das Minas Gerais. Roubaram a dignidade dessa gente. O que se percebe é que trouxeram falsa promessas. Na verdade, tem promovido uma sinistra e obscura situação, fazendo com que pessoas mais esclarecidas percebam ou pelo menos imaginem que há algum outro interesse que não foi esclarecido.
O processo de criação dessas área foi tramitando muito rapidamente. E o que percebemos é que as famílias envolvidas diretamente e que sofreram os impactos foram usadas, manipuladas e induzidas a crer que tudo seria as mil maravilhas. Mas hoje, o que se vê são lamentos, tristeza e muita indignação.
Portanto, venho através desta nota solicitar que os nossos políticos, representantes do povo norte mineiro, busquem tomar conhecimento do que está ocorrendo em terras do nosso sertão. Que acolham este clamor e entrem com boa vontade e comprometimento na defesa dessa gente!
Assistam esse documentário em vídeo que eu produzi de forma modesta, sem muitos recursos e totalmente independente. O objetivo é meramente mostrar a atual realidade sobre a Reserva de “Desenvolvimento” Nascentes Geraizeira.
*Aurélio Vidal
Jornalista