Aurélio Vidal
Na tarde desta terça-feira, vivi – como jornalista, um daqueles momentos que parecem anunciar uma virada de página na história do Norte de Minas. O auditório da AMAMS, em Montes Claros, foi palco de um encontro de peso, que reuniu lideranças políticas, empresariais e representantes da Receita Federal para tratar de um tema que há décadas habita os sonhos de quem acredita no potencial da nossa região: a instalação de um Recinto Aduaneiro, também conhecido como Porto Seco, em solo norte-mineiro.
O palestrante Flávio Coelho Machado
A proposta, que há anos circula entre projetos, reivindicações e estudos técnicos, começa finalmente a tomar corpo. E desta vez, o sentimento é diferente. Há articulação política, respaldo institucional e, sobretudo, um propósito coletivo: transformar Montes Claros em um polo estratégico de exportação e importação, capaz de atender toda a cadeia produtiva regional — das frutas do Jaíba e Gorutuba à cachaça artesanal de Salinas, passando pela carne de Janaúba e pelo ferro-gusa produzido em Pirapora, Várzea da Palma e Capitão Enéas.
Durante o evento, o prefeito Guilherme Guimarães destacou a relevância do projeto e lembrou que tem acompanhado pessoalmente cada passo das negociações. “Estamos empenhados em fazer de Montes Claros um ponto de integração logística com o Brasil e o mundo. O Porto Seco é mais que uma estrutura física — é uma porta que se abre para o futuro econômico do sertão mineiro”, afirmou o prefeito, que recentemente esteve em Brasília em reunião com o chefe da Receita Federal.
O prefeito Guilherme Guimarães destacou a relevância do projeto
O presidente da AMAMS, Ronaldo Soares, reforçou que o avanço do projeto depende da união de forças. “Nenhuma transformação regional acontece de forma isolada. Precisamos da parceria entre AMAMS, Receita Federal, prefeituras e o setor produtivo. É assim que tornaremos esse sonho realidade — um projeto que beneficiará não apenas Montes Claros, mas todo o Norte de Minas”, declarou.
Em entrevista, um dos apoiadores mais entusiasmados da proposta é o presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, Flávio Oliveira, nos relatou a importância da iniciativa liderada pela AMAMS em parceria com a Receita Federal. Para ele, o projeto abre novas perspectivas de negócios e consolida o Norte de Minas em um novo cenário econômico.
“Estamos diante de uma oportunidade histórica. A instalação do Recinto Aduaneiro certamente abrirá portas para novos mercados e ampliará nossa competitividade. Temos a segunda maior região produtora de pecuária de corte de Minas Gerais, um café norte-mineiro que vem ganhando destaque pela qualidade tipo exportação e um parque industrial consolidado na área farmacêutica. Com esses pilares, o Norte de Minas tende a atingir outro patamar no mercado internacional”, afirmou.
O presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, Flávio Oliveira
Na plateia, políticos, empresários e investidores de destaque acompanharam atentamente o Fórum, entre eles, ouvimos o jovem Victor Oliveira, CEO do Grupo 3F e diretor-presidente do North Esporte Clube. Ele relatou ter recebido a notícia com entusiasmo e ressaltou a relevância do projeto para o desenvolvimento regional. “Acompanho os resultados positivos do Recinto aduaneira de Varginha e sei o quanto uma estrutura como essa pode impulsionar nossa economia. Como investidor interessado, estarei atento às apresentações do auditor Flávio Machado que certamente trará boas novidades”, destacou.
Victor Oliveira, CEO do Grupo 3F, relatou ter recebido a notícia com entusiasmo
Um dos momentos mais aguardados do Fórum foi a apresentação técnica conduzida por Flávio Coelho Machado, representante da Receita Federal, que explicou detalhes sobre a estrutura e o funcionamento do Recinto Aduaneiro. Segundo ele, a iniciativa será implantada por meio de um investidor privado, selecionado via processo licitatório, responsável pela
construção e operação do espaço.
O encontro contou ainda com a presença de nomes importantes como o delegado da Receita Federal em Montes Claros, Filipe Araújo Florêncio, o delegado-adjunto Adriano Lopes, além de parlamentares e representantes de entidades empresariais, entre eles os deputados federais Paulo Guedes e Reginaldo Lopes, e o presidente da Sociedade Rural, Flávio Oliveira.
Ao final da reunião, a sensação era de que o Norte de Minas deu um passo firme e concreto rumo à sua consolidação como referência logística e industrial do interior de Minas. Um projeto que, se concretizado, significará redução de custos, agilidade no comércio exterior e novas oportunidades de emprego e investimento — frutos tão esperados por quem insiste em acreditar na força produtiva do nosso sertão.
Mais do que um debate técnico, o que se viu hoje na AMAMS foi um encontro de esperanças e estratégias. Um fórum que reacendeu em todos os presentes a convicção de que o desenvolvimento do Norte de Minas não é apenas possível — é inevitável, quando há união, planejamento e fé no potencial da nossa gente.