Por Aurélio Vidal – Jornalista e filho do sertão do Alto Rio Pardo
Minas Gerais, julho de 2025.
A quem interessar possa — e, principalmente, a quem deveria se importar:
Escrevo esta carta não em nome de partidos, tampouco de interesses pessoais. Escrevo como jornalista, como cidadão e, acima de tudo, como sertanejo do norte de Minas, cansado de assistir ao descaso histórico que pesa sobre nossa região.
Enquanto nossos representantes eleitos se mantêm distantes, presos a discursos vazios e a promessas esquecidas, o povo do sertão segue resistindo. Resistindo à falta de infraestrutura, à negligência com a saúde, à escassez de investimentos, à ausência do Estado. Resistindo ao silêncio cúmplice de quem deveria lutar por nós e legislar com responsabilidade.
Tenho me dedicado, há anos, a tornar visíveis as dores, os desafios e as potencialidades da nossa gente. Faço isso com o que tenho: a palavra, o microfone, o olhar crítico e a convicção de que não podemos mais ser ignorados. O sertão norte mineiro não é periferia de Minas — é coração pulsante de um povo digno, trabalhador e esquecido por políticas públicas verdadeiramente eficazes.
É lamentável que os palanques só se ergam por aqui em tempos de eleição. Que os debates não cheguem às nossas comunidades. Que as leis aprovadas em Belo Horizonte ou Brasília não tenham cheiro de terra nem sotaque de roça. Mas seguimos.
Tenho ecoado a voz do sertão em rádios, jornais, rodas de conversa e, mais recentemente, nos corredores do Congresso Nacional. Não porque me convidei — mas porque o povo me confiou essa missão. E é com essa responsabilidade que denuncio também o peso cruel da burocracia e da perseguição institucional promovida, por vezes, por órgãos como o Instituto Chico Mendes (ICMBio), que transformam comunidades tradicionais em reféns de restrições incompatíveis com a realidade local.
Não se trata de ser contra a preservação. Nós, sertanejos, somos os primeiros a cuidar da terra. Mas é preciso respeito, diálogo e reconhecimento de que não há conservação possível sem justiça social.
Esta carta é um chamado. Um chamado à sociedade civil, aos movimentos sociais, às lideranças comunitárias — para que não aceitem o silêncio como resposta. E um alerta aos nossos políticos: o povo do Alto Rio Pardo está atento. E não se calará.
Com fé, coragem e a verdade como alicerce, seguimos.
Aurélio Vidal
Jornalista
Filho do sertão,
voz ativa do povo do Alto Rio Pardo