Por Aurélio Vidal – Jornalista
Ao longo dos anos, tenho usado cada linha escrita, cada vídeo publicado, cada palavra dita com o coração em chamas, para denunciar uma tragédia anunciada que insiste em se repetir: os acidentes fatais na BR-251. E não falo de casos isolados. Falo de um rastro de sangue que há décadas marca a principal rodovia que corta o Norte de Minas. Uma estrada que já levou muitas vidas, muitas histórias e muitos sonhos — e que, infelizmente, continua levando.
Recentemente, mais um acidente brutal vitimou cinco pessoas. Cinco famílias destroçadas. Cinco futuros interrompidos. Mais um episódio doloroso que escancara, com crueldade, o abandono histórico por parte do governo federal. É inaceitável. É revoltante. É desumano.
A BR-251 já não é apenas uma via de tráfego intenso. Ela se tornou o símbolo da negligência institucional com o povo do Norte de Minas. Nós clamamos — e há muito tempo — por um projeto sério, robusto, à altura da importância da rodovia. Queremos e precisamos da duplicação urgente. Essa não é uma reivindicação nova. É um grito antigo, ecoado por milhares de vozes, repetido em manchetes trágicas que estampam jornais quase diariamente:
- Motorista de carreta morre preso às ferragens na BR-251
- Mulher e menino são arremessados de carreta em acidente
- Batida entre van e caminhão mata nove pessoas
- Dois acidentes graves em menos de 24 horas
- SAMU socorre vítimas em mais uma tragédia na altura de Fruta de Leite
E até quando? Por que tanta omissão?
O que recebemos em troca de tanta dor? Um projeto da ANTT que não atende ao clamor popular. Em vez de um plano estruturante de duplicação e segurança, o que se propõe é a instalação de praças de pedágio. Pagaremos, literalmente, para morrer. Pagaremos para circular numa estrada perigosa, sem acostamento em muitos trechos, mal sinalizada e sobrecarregada por caminhões pesados, carretas e ônibus.
Essa lógica é cruel: enquanto o governo pensa em arrecadação, nós enterramos nossos mortos. Enquanto técnicos de gabinete desenham concessões sem alma, o povo do sertão paga a conta mais alta — a conta de sangue.
Não dá mais para aceitar promessas vazias e visitas oficiais em tempos de campanha. O tempo urge. A duplicação da BR-251 é uma questão de vida ou morte. É uma questão de dignidade, desenvolvimento e respeito à nossa gente.
Como jornalista, como cidadão, como filho do Norte de Minas, seguirei cobrando, denunciando e dando voz a essa revolta coletiva. Porque cada vítima dessa rodovia poderia ser um de nós. E porque o silêncio — o silêncio de quem pode fazer e não faz — também mata.