(*) Aurélio Vidal
A rapadura tem origem no continente europeu e surgiu no século XVI. Foi uma solução criada para substituir o açúcar nas longas viagens, já que o adoçante granulado era mais perecível, pois umedecia e melava facilmente. A rapadura, por ser em barras, era mais durável e mais prática de transportar nas sacolas dos viajantes.
No mundo, cerca de 30 países produzem a rapadura. O maior produtor mundial é a Índia, responsável por 67% dos tabletes adocicados consumidos no planeta. Na América Latina, a Colômbia está em primeiro lugar com 1 milhão de toneladas produzidas por ano. O Brasil fica na sétima posição, sendo o nordeste nosso maior produtor. O nome rapadura é uma variação de raspadura, que na verdade eram as camadas espessas do açúcar que ficam presas nas laterais dos tachos durante a fabricação.
Durante minhas andanças por terras do sertão norte mineiro, tive o privilégio de testemunhar a fabricação da rapadura, costume basicamente artesanal, feita por famílias de legítimos sertanejos raiz. A matéria-prima é basicamente a cana-de-açúcar, que é cortada sem a queima. Depois disso é levada para um engenho (muitos deles ainda na velha tração animal) onde é moída e passa pela decantação para retirada das impurezas, e colocada em um processo de fervura, até que se vire um melado. Em seguida vai para a etapa de batimento. Após a sova, a rapadura está pronta para ser colocada em formas e depois de fria é embalada e já pode ser consumida.
Apesar da alta concentração calórica, a rapadura tem mais benefícios do que o açúcar branco, já que sua produção artesanal lhe confere mais nutrientes, sendo rica em minerais como potássio, cálcio, magnésio, ferro, entre outros, e vitaminas A, B1, B12 e E. Há estados do nordeste em que ela faz parte da merenda escolar de muitas crianças.
Normalmente a rapadura é encontrada em barras de 500 gramas ou 1 quilo, mas também é possível comprar tabletes de 25 ou 50 gramas. O sabor agradável e a popularidade no país inspirou a elaboração de sabores e outras sobremesas à base do doce. Por isso, hoje é possível encontrar rapadura de amendoim, nozes, avelã, leite e até chocolate. O valor de cada peça com 1,5 quilos varia entre 10 e 15 reais.
Fácil de encontrar e com preço acessível, quem deseja incrementar a dieta com novos sabores e alimento saudável pode incluir a rapadura como uma boa opção, sobretudo para adoçar cafés e chás.
No Norte de Minas Gerais, a cidade de Santo Antônio do Retiro é uma das grandes produtoras de rapadura. Na foto acima, eu, com o pequeno produtor de rapadura Juliano Pereira, em sua pequena propriedade na comunidade rural de Lagoa Escura.
Em Rio Pardo de Minas estive visitando uma pequena fábrica que produz as mini rapaduras com sabores variados que vão desde a tradicional, passando, inclusive por aquelas sabor pelo limão.
O Norte de Minas Gerais, assim, é pródigo na produção e comercialização desse produto que, uma vez elaborado para servir de adoçante para outros temperos, hoje ocupa, também, a prateleira dos melhores doces.