Por Aurélio Vidal
Estou em Chapada Gaúcha, no norte de Minas, para uma pauta especial que celebra os 30 anos de emancipação política deste município singular, forjado pela força do trabalho e pela coragem de um povo que transformou o cerrado em esperança. Vim conhecer de perto as particularidades, ouvir as histórias e entender o que mudou desde que a cidade se libertou administrativamente de São Francisco, em 1995.
 
 
Chapada Gaúcha impressiona à primeira vista — lembra as cidades pujantes de Sinop e Sorriso, no coração do Mato Grosso.
Logo ao chegar, percebi que Chapada Gaúcha é um pedaço de Minas com alma gaúcha. As influências dos colonos vindos do Sul, nos anos 1970, estão presentes na forma de falar, na culinária e até na arquitetura das fazendas. É uma mistura que deu certo: o jeitão mineiro com a bravura do gaúcho, compondo uma identidade única no sertão mineiro.
Conversei com o prefeito Rone Rodrigues, um gestor ousado e otimista, que me recebeu em seu gabinete trajando um belo chapéu — símbolo da terra e da sua gente. Falamos sobre os avanços, os desafios e as perspectivas para o futuro. Rony destacou os investimentos em infraestrutura, educação e turismo como pilares para o desenvolvimento sustentável do município.
 
 
Com o prefeito Rone Rodrigues, um gestor ousado e otimista
Também encontrei o secretário de Turismo, Edvan Ferreira, que me relatou com entusiasmo os atrativos naturais e culturais da região. Entre eles, o Parque Nacional Grande Sertão Veredas, uma das mais importantes reservas ambientais do Brasil, que guarda paisagens exuberantes e biodiversidade impressionante. Ricardo citou ainda o distrito de Serra das Araras, famoso por sua festa centenária que atrai visitantes de todo o país. Foi lá, inclusive, que está sepultado o corpo do lendário jagunço Antônio Dó, personagem que marcou a história sertaneja e inspira memórias e lendas.
Para compreender a força econômica que move Chapada Gaúcha, conversei com Evandro Gobb, presidente da COOAPI – Cooperativa Agropecuária Pioneira, fundada em 30 de Julho de 1982. Ele chegou ainda criança, acompanhando os pais que vieram do Sul em busca de novas oportunidades. Hoje, a cooperativa desempenha papel fundamental na consolidação do município — seja na geração de empregos, no incentivo à produção rural ou na difusão de tecnologias agrícolas.
A economia chapadense é sustentada principalmente pelo agronegócio, com destaque para a produção de sementes de capim e soja, uma das mais expressivas do estado. O clima favorável, aliado à capacidade empreendedora de seus produtores, fez do município um polo de excelência no setor.

Mas Chapada Gaúcha não é apenas trabalho e produtividade. É também encanto e natureza. A Vereda da Cuia e a Cachoeira Arara Vermelha são exemplos de belezas naturais que fascinam turistas e aventureiros, reforçando o potencial do ecoturismo e do turismo de experiência na região.
Ao percorrer suas ruas e ver o brilho nos olhos de quem vive aqui, percebo que Chapada Gaúcha é mais do que um município jovem — é um projeto de vida que deu certo. São 30 anos de conquistas, desafios e uma certeza: o sertão continua a florescer, com a mesma bravura e esperança que moveu seus primeiros colonos.

Ainda na manhã desta quinta-feira (29/10), seguimos com o Elson, um experiente guia local que nos conduziu pelas trilhas do Parque Grande Sertão Veredas, em busca das paisagens que inspiraram Guimarães Rosa — cenários que permanecem encantando e revelando a essência do sertão a quem se aventura por essas veredas lendárias.
Chapada Gaúcha é, sem dúvida, um exemplo de superação e progresso, onde o passado e o futuro se encontram em plena harmonia.
 
								 
															




 
															