MAÇÃS NO SERTÃO NORTE-MINEIRO: O SONHO POSSÍVEL DE JORGE MOLON

A fruta símbolo do frio que desafia o calor do semiárido

Por Aurélio Vidal

A fruta símbolo do frio que desafia o calor do semiárido

 

Quando se fala em maçã, logo se pensa nos pomares cobertos de neblina no Sul do Brasil. Mas em pleno sertão norte de Minas Gerais, onde o sol forte e a estiagem predominam, a fruta vem ganhando raízes graças à coragem e persistência de um gaúcho: Jorge Molon, produtor rural de Curral de Dentro, que transformou sua pequena propriedade em um verdadeiro laboratório a céu aberto.

O pioneiro no sertão

Molon chegou ao norte de Minas trazendo na bagagem a experiência agrícola do Sul e a ousadia de acreditar que a maçã poderia florescer em terras secas e quentes. Em sua propriedade, mais parecida com uma estação experimental da Embrapa, ele introduziu variedades adaptadas ao clima local, como Eva e Princesa, que necessitam de menos horas de frio.
Com irrigação por gotejamento, manejo técnico e podas regulares, os resultados começaram a aparecer. Hoje, seus pomares produzem frutos de boa qualidade, despertando a curiosidade de agricultores e técnicos de toda a região.

Recentemente, acompanhei de perto um desses trabalhos na comunidade de Lagoinha, zona rural de Montes Claros. Ali, agricultores atentos ouviram o produtor explicar desde o preparo do solo até a colheita, sempre com exemplos práticos e entusiasmo contagiante.

“Aqui não é só produção, é também aprendizado. Cada árvore é um experimento e cada colheita, uma lição”, afirma Molon.

Ensinar para multiplicar

Mais do que plantar maçãs, Jorge Molon se dedica a compartilhar conhecimento. Ele realiza palestras, dias de campo e treinamentos em comunidades rurais, mostrando técnicas de manejo, irrigação e condução dos pomares.

Recentemente, acompanhei de perto um desses trabalhos na comunidade de Lagoinha, zona rural de Montes Claros. Ali, agricultores atentos ouviram o produtor explicar desde o preparo do solo até a colheita, sempre com exemplos práticos e entusiasmo contagiante.

O pioneiro no sertão
Molon chegou ao norte de Minas trazendo na bagagem a experiência agrícola do Sul e a ousadia de acreditar que a maçã poderia florescer em terras secas e quentes.

“Se conseguimos fazer a maçã nascer no sertão, conseguimos tudo. É só acreditar e se dedicar”, reforça Molon diante dos participantes.

Impacto econômico e social

A experiência ainda é pioneira, mas pode transformar a economia rural da região. O mercado local de maçãs é grande, já que a fruta chega encarecida do Sul e do Sudeste. Produzir perto do consumidor significa mais frescor, menor custo e novas oportunidades de renda.

Além disso, a maçã pode se tornar vetor de turismo rural, atraindo visitantes para conhecer os pomares em florada e estimulando a criação de agroindústrias.

A presença da maçã no sertão norte-mineiro é mais do que uma novidade agrícola: é um símbolo de resistência e inovação. Representa a ousadia de homens como Jorge Molon, que acreditaram no impossível e abriram caminho para um futuro de esperança, conhecimento e prosperidade no semiárido.

No sertão, até a maçã floresce.

A experiência ainda é pioneira, mas pode transformar a economia rural da região. O mercado local de maçãs é grande, já que a fruta chega encarecida do Sul e do Sudeste. Produzir perto do consumidor significa mais frescor, menor custo e novas oportunidades de renda.

Veja Mais

Artigos Relacionados:

Centro de Grão Mogol, com a igreja e a praça da cidade.

Grão Mogol: a cidade das pedras e das águas encanta com sua história e belezas naturais

Localizada na parte mais alta da Serra Geral, no Norte de Minas Gerais, Grão Mogol é um destino que transborda belezas naturais, biodiversidade e uma rica herança ligada aos diamantes e ao período colonial dos séculos XVI e XIX. A história pulsante dessa cidade pode ser encontrada nas ruas e vielas, cuja pavimentação foi erguida com a mão de obra dos escravizados. Nas trilhas e

Os episódios recentes envolvendo o ministro Alexandre de Moraes — em especial as pressões atribuídas em favor do grupo Master — não podem ser tratados como ruído político ou disputa narrativa. Não se trata de algo grave. Trata-se de algo gravíssimo. Porque, se verdadeiros, indicam um desvio de conduta incompatível com a função constitucional de um magistrado do Supremo Tribunal Federal.

Quando o poder perde o freio, a democracia sangra

Toda democracia madura se sustenta sobre um princípio elementar: ninguém está acima da lei, sobretudo aqueles incumbidos de guardá-la. Quando um ministro da mais alta Corte passa a agir sem transparência, acumulando poder, protagonismo político e decisões que ultrapassam os limites institucionais, o debate deixa de ser ideológico e passa a ser civilizatório. Os episódios recentes envolvendo o ministro Alexandre de Moraes — em especial

Faço questão de parabenizar os organizadores do 28º Encontro da Imprensa, um evento que exige esforço, dedicação e persistência para se manter vivo ao longo de tantos anos. Em especial, registro meu respeito a Aldeci Xavier e à nossa querida amiga Vandinha, que há mais tempo estão à frente dessa importante confraternização da imprensa mineira. Reconheço o valor da iniciativa, a simbologia do encontro e a relevância histórica de uma promoção que já caminha para seus 30 anos.

CARTA ABERTA À IMPRENSA MINEIRA: EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Recebi hoje uma mensagem da APIM que, em essência, celebra a união, a parceria e o compromisso da imprensa com a democracia, a informação de qualidade e o desenvolvimento regional. Palavras bonitas, necessárias e, em tese, alinhadas com aquilo que sempre defendi e sigo defendendo como jornalista. Faço questão de parabenizar os organizadores do 28º Encontro da Imprensa, um evento que exige esforço, dedicação e

Nas minhas andanças de décadas pelo Sertão norte-mineiro — entre veredas, gerais, comunidades geraizeiras, sertanejas e caiçaras — aprendi que o turismo do futuro não se mede em números, planilhas ou discursos prontos. Ele se mede na profundidade dos encontros, no respeito ao território e, sobretudo, na autonomia de quem vive nele.

TURISMO DE EXPERIÊNCIA E BASE COMUNITÁRIA

Viver o território com autonomia, não sob tutela Por Aurélio Vidal Nas minhas andanças de décadas pelo Sertão norte-mineiro — entre veredas, gerais, comunidades geraizeiras, sertanejas e caiçaras — aprendi que o turismo do futuro não se mede em números, planilhas ou discursos prontos. Ele se mede na profundidade dos encontros, no respeito ao território e, sobretudo, na autonomia de quem vive nele. Um imersão

Em minhas viagens pelo Norte de Minas, poucas cidades carregam tanta história quanto São Romão, uma das mais antigas comarcas da região. Quando chego às margens largas do Velho Chico, sempre sinto que ali o tempo repousa diferente — como se o rio guardasse, em suas curvas, tudo aquilo que o sertão não deixou esquecer.

SÃO ROMÃO: ONDE O VELHO CHICO GUARDA MEMÓRIAS ANTIGAS

Por Aurélio Vidal Em minhas viagens pelo Norte de Minas, poucas cidades carregam tanta história quanto São Romão, uma das mais antigas comarcas da região. Quando chego às margens largas do Velho Chico, sempre sinto que ali o tempo repousa diferente — como se o rio guardasse, em suas curvas, tudo aquilo que o sertão não deixou esquecer. O município, hoje com mais de 2.400

Centro de Grão Mogol, com a igreja e a praça da cidade.

Grão Mogol: a cidade das pedras e das águas encanta com sua história e belezas naturais

Localizada na parte mais alta da Serra Geral, no Norte de Minas Gerais, Grão Mogol é um destino que transborda belezas naturais, biodiversidade e uma rica herança ligada aos diamantes e ao período colonial dos séculos XVI e XIX. A história pulsante dessa cidade pode ser encontrada nas ruas e vielas, cuja pavimentação foi erguida com a mão de obra dos escravizados. Nas trilhas e

Os episódios recentes envolvendo o ministro Alexandre de Moraes — em especial as pressões atribuídas em favor do grupo Master — não podem ser tratados como ruído político ou disputa narrativa. Não se trata de algo grave. Trata-se de algo gravíssimo. Porque, se verdadeiros, indicam um desvio de conduta incompatível com a função constitucional de um magistrado do Supremo Tribunal Federal.

Quando o poder perde o freio, a democracia sangra

Toda democracia madura se sustenta sobre um princípio elementar: ninguém está acima da lei, sobretudo aqueles incumbidos de guardá-la. Quando um ministro da mais alta Corte passa a agir sem transparência, acumulando poder, protagonismo político e decisões que ultrapassam os limites institucionais, o debate deixa de ser ideológico e passa a ser civilizatório. Os episódios recentes envolvendo o ministro Alexandre de Moraes — em especial

Faço questão de parabenizar os organizadores do 28º Encontro da Imprensa, um evento que exige esforço, dedicação e persistência para se manter vivo ao longo de tantos anos. Em especial, registro meu respeito a Aldeci Xavier e à nossa querida amiga Vandinha, que há mais tempo estão à frente dessa importante confraternização da imprensa mineira. Reconheço o valor da iniciativa, a simbologia do encontro e a relevância histórica de uma promoção que já caminha para seus 30 anos.

CARTA ABERTA À IMPRENSA MINEIRA: EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Recebi hoje uma mensagem da APIM que, em essência, celebra a união, a parceria e o compromisso da imprensa com a democracia, a informação de qualidade e o desenvolvimento regional. Palavras bonitas, necessárias e, em tese, alinhadas com aquilo que sempre defendi e sigo defendendo como jornalista. Faço questão de parabenizar os organizadores do 28º Encontro da Imprensa, um evento que exige esforço, dedicação e

Nas minhas andanças de décadas pelo Sertão norte-mineiro — entre veredas, gerais, comunidades geraizeiras, sertanejas e caiçaras — aprendi que o turismo do futuro não se mede em números, planilhas ou discursos prontos. Ele se mede na profundidade dos encontros, no respeito ao território e, sobretudo, na autonomia de quem vive nele.

TURISMO DE EXPERIÊNCIA E BASE COMUNITÁRIA

Viver o território com autonomia, não sob tutela Por Aurélio Vidal Nas minhas andanças de décadas pelo Sertão norte-mineiro — entre veredas, gerais, comunidades geraizeiras, sertanejas e caiçaras — aprendi que o turismo do futuro não se mede em números, planilhas ou discursos prontos. Ele se mede na profundidade dos encontros, no respeito ao território e, sobretudo, na autonomia de quem vive nele. Um imersão

Em minhas viagens pelo Norte de Minas, poucas cidades carregam tanta história quanto São Romão, uma das mais antigas comarcas da região. Quando chego às margens largas do Velho Chico, sempre sinto que ali o tempo repousa diferente — como se o rio guardasse, em suas curvas, tudo aquilo que o sertão não deixou esquecer.

SÃO ROMÃO: ONDE O VELHO CHICO GUARDA MEMÓRIAS ANTIGAS

Por Aurélio Vidal Em minhas viagens pelo Norte de Minas, poucas cidades carregam tanta história quanto São Romão, uma das mais antigas comarcas da região. Quando chego às margens largas do Velho Chico, sempre sinto que ali o tempo repousa diferente — como se o rio guardasse, em suas curvas, tudo aquilo que o sertão não deixou esquecer. O município, hoje com mais de 2.400

Quer ver mais conteúdos?

Assine Nossa Newsletter

E fique por dentro do contexto de Minas e de tudo que acontece no Brasil e no mundo.

Pod Sertão Pautando o melhor do Sertão Mineiro

Olá, visitante