(*) Aurélio Vidal
A palavra “sertão ” vem de “desertão”, ou seja, daquilo que não é litoral. Portanto, temos vários sertões, e, entre eles, o sertão norte-mineiro.
E foi exatamente do amor a esse sertão, terra da gente, que sempre fizemos questão de pautar suas qualidades e demandas, seus sofrimentos e suas alegrias. O sertão de Guimarães Rosa, o descampado, o aberto, o grande sertão!
Se Guimarães Rosa pautou a região no seu livro “Grande Sertão: veredas”, e Euclides da Cunha chamou a atenção para o sertanejo na sua obra “Os Sertões”, buscamos, humildemente, ao longo desses anos, e guiado por esses dois grandes escritores, mostrar toda a riqueza desse belo sertão norte-mineiro, ajudando a acabar com esse estigma de região seca, pobre e miserável.
Sendo assim, todos os artigos produzidos ao longo desses anos foram no sentido de despertar em cada um de nós o sertão que carregamos dentro da gente, com suas dificuldades, é verdade, mas também, e, principalmente, com suas qualidades, como a sua gente humilde e simples, trabalhadora e dedicada, das suas terras profundamente férteis, da sua luminosidade exuberante.
Um dos elementos que nos possibilitou conhecer esse sertão e assim conhecer a nós mesmos foi a chegada dos trilhos do trem de ferro em 1926, pois se o gado era embarcado em direção ao sudeste do país, pegavámos o trem em direção à Janaúba, Monte Azul, entre outras cidades, tomando contato com outros moradores deste grande sertão.
Ao longo dos próximos meses, portanto, iremos relatar um pouco de várias histórias, como a implantação da ferrovia na década de 1920, que proporcionou um novo meio de locomoção para o nosso povo, fazendo com que muitos deles pudessem passar a conhecer outros lugares.
Pois se Guimarães Rosa retratou o sertão, assim como ninguém melhor que Euclides da Cunha retratou o sertanejo, acreditamos que possamos contribuir, também, mesmo que em menor proporção, com esta linda e abençoada região, que merece ser sempre vista em sua melhor forma.
Esperamos que assim possamos estar contribuindo com o SERTÃO NORTE MINEIRO, tentando promover de maneira humilde o desenvolvimento regional através da apresentação das potencialidades deste lugar como cadeia produtiva, turismo e cultura local, assim como o nosso importante e valoroso povo sertanejo.
(*) Empreendedor social e jornalista