O ESPORTE DE MONTES CLAROS AGONIZA E PEDE SOCORRO
(*) Aurélio Vidal
Já faz alguns anos que venho observando a falta de apoio e de incentivos ao esporte em Montes Claros. Digo isso com propriedade. Afinal, militei e milito na área e já promovi grandes eventos esportivos na cidade, inclusive com a participação de campeões nacionais e primeiros colocados do ranking em algumas modalidades esportivas.
Como exemplo, cito o Campeonato do Grande Major Prates que já ocorre há quase 40 anos, e não conta com nenhuma ajuda financeira do município, assim como diversos outros campeonatos de futebol, além de outros segmentos esportivos. Apenas dois campeonatos recebiam incentivos da Prefeitura alguns anos atrás, que eram o Maracanã e o Santos Reis, esse último com mais de 50 anos de existência. Isso só demonstra a falta de interesse dos governantes em darem apoio e incentivos ao esporte de forma justa e democrática.
Recentemente, uma instituição do esporte se mobilizou para fazer a captação de recursos juntos aos deputados para a promoção de uma determinada modalidade esportiva e, recentemente, a Câmara Municipal de Montes Claros (por sinal muito mal representada no esporte), aprovou o repasse para a instituição, pelo fato desses recursos chegarem via município. Vale ressaltar e deixar bem claro mais uma vez: foi a própria diretoria da instituição que correu atrás dos recursos oriundos de emenda parlamentar. Uma ação correta, legal e legitima.
Mas o que eu quero deixar claro é que os “nossos” vereadores, se tivessem boa vontade e comprometimento com a causa, poderiam muito bem viabilizar este mesmo tipo de ação junto aos seus deputados, no sentido de buscar recursos e direcionar para um calendário esportivo municipal que contemple todos os segmentos do esporte. Inclusive elaborando projetos de lei que faça com que o chefe do executivo municipal garanta os repasses e não direcione para outro setor, como a pavimentação asfáltica, por exemplo.
Enquanto que entidades e clubes vem lutando para manter ações a favor do esporte local de forma independente, sofrendo descaso e total abandono, nós testemunhamos uma casa legislativa que age de maneira improdutiva e totalmente questionável, com um custo anual de cerca de quase 34 MILHÕES de reais.
É muito fácil enumerar as diversas entidades e pessoas que de maneira informal, e sem nenhuma assessoria técnica, tem desenvolvido trabalhos importantes e significativos na criação de oportunidades para os nossos jovens através do esporte, mas sempre esbarrando nas dificuldades financeiras na falta de incentivo e apoio dos Poderes Públicos. São muitos os projetos sociais esportivos que tem contribuído com nossas crianças e jovens na periferia de Montes Claros e também na zona rural. Mas, Infelizmente, os nossos governantes não têm equipes técnicas eficientes e comprometidas com a busca de resultados, que conheçam a realidade do município, além de profissionais capacitados que consigam identificar a potencialidade de tais projetos e, assim, fazerem o devido planejamento no sentido de dar suporte para esses profissionais e atletas.
Os organizadores de eventos esportivos enfrentam muitas complicações na hora de viabilizar a promoção de competições abertas aos nossos jovens e crianças. São vários os atletas de modalidades que representam a nossa cidade em competições pelo país a fora e não tem nenhuma apoio ou incentivo do município. Nem mesmo uma ajuda de custo para o transporte é viabilizada.
Não seria justo ajudar essas entidade com suporte técnico e jurídico para que possam ter condições de ampliar os trabalhos sociais? Não há nenhuma necessidade de se criar propostas mirabolantes e inviáveis para tentar demonstrar para a população que se preocupa com o esporte. A construção do estádio municipal, o lendário Mocão, em dias atuais é o exemplo claro disso.
É necessário, assim, garantir a sobrevivência de quem trabalha em função do esporte como atletas e organizadores.
Esperamos que os próximos gestores e também os deputados que se dizem representantes do nosso povo, tenham mais sensibilidade e passem a olhar de maneira mais coerente e justa para o esporte. Que busquem ações que de fato possam somar na reconstrução do tão sofrido e abandonado esporte local, tendo a consciência de que o esporte é, de fato, uma importante ferramenta de transformação social.
(*) Empreendedor social e jornalista