Produção de lítio bate recorde em 2024 e impulsiona empregos e novos negócios no Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas
O sertão mineiro, por tanto tempo associado à escassez, hoje se transforma em vitrine de abundância e oportunidades. Em 2024, a produção de lítio atingiu a marca histórica de 944 mil toneladas, quase quatro vezes mais que o volume registrado no ano anterior. O dado traduz não apenas números de uma estatística econômica, mas uma virada de página para o Vale do Jequitinhonha e o Norte de Minas, que agora se reposicionam no mapa do desenvolvimento.
A cadeia do lítio tornou-se símbolo de um futuro que se escreve no presente. O Programa Vale do Lítio, lançado em 2023 pelo Governo de Minas, já atraiu R$ 6,3 bilhões em investimentos e projeta quase 5 mil empregos diretos, consolidando a região como um polo estratégico na transição energética mundial. O semiárido mineiro, antes lembrado pela aridez, agora desponta como protagonista de um movimento global pela sustentabilidade.
Esse avanço não se limita às estatísticas. Ele pulsa nas ruas de Araçuaí e Itinga, onde o mercado de trabalho floresce como nunca antes. Em Araçuaí, o número de trabalhadores formais na indústria mais que dobrou nos últimos quatro anos, saltando de 312 em 2020 para 728 em 2024. Em Itinga, o crescimento foi ainda mais impressionante: somente em 2023, os empregos industriais avançaram 100,9% em relação ao ano anterior, alcançando 722 postos formais.
O impacto social é visível. Jovens que outrora precisavam deixar suas cidades em busca de estudo e trabalho começam a encontrar, em suas próprias raízes, o espaço para crescer. Engenheiros, técnicos e operadores de máquinas retornam ao sertão com novos horizontes. Histórias como a de uma filha de Araçuaí, que formou-se em Engenharia Química em Belo Horizonte e acreditava jamais voltar à sua terra natal, hoje simbolizam a força dessa transformação: ao ingressar na Sigma Lithium, ela redescobriu que o futuro pode ser escrito sem abrir mão do lugar de origem.
Também ecoa na trajetória de uma jovem da comunidade rural Barra da Barriguda, que viu a vida mudar quando precisou ajudar no sustento da família após o acidente do pai. Formada em Gestão Ambiental, tornou-se a primeira mulher lubrificadora industrial da Sigma, conquistando espaço em um setor historicamente masculino e realizando, em sua caminhada, um sonho que antes parecia inalcançável.
A presença de empresas como a Companhia Brasileira de Lítio (CBL), em Divisa Alegre, reforça o papel de Minas como guardiã e vanguarda desse mineral estratégico. Desde 2021, a CBL multiplicou por cinco sua produção e projeta dobrá-la novamente nos próximos anos, apoiada em iniciativas estaduais de qualificação profissional e benefícios fiscais para fortalecer o beneficiamento químico do lítio.
Mais do que exploração mineral, o que se desenha é um processo de regeneração econômica e social. No coração do Jequitinhonha, a esperança deixou de ser miragem: agora é realidade palpável, medida em empregos, investimentos e na dignidade de uma população que há séculos aprende a resistir.
O Vale do Lítio floresce. E com ele, floresce também o futuro de Minas.