Por Aurélio Vidal
O caso do ex-governador Fernando Pimentel é um daqueles exemplos que explicam por que o povo brasileiro está cada vez mais revoltado com o sistema político e jurídico do país.
Pimentel foi um dos principais investigados da Operação Acrônimo, que apurava um esquema de desvio de dinheiro público para abastecer campanhas eleitorais do PT, inclusive sua campanha ao governo de Minas em 2014.
Na época, o Supremo Tribunal Federal, por decisão do ministro Celso de Mello, manteve seu indiciamento por suspeitas gravíssimas:
- corrupção passiva
- tráfico de influência
- organização criminosa
- lavagem de dinheiro
Seu marqueteiro, Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, chegou a ficar preso por quase um ano. Sua esposa, Carolina Oliveira, também foi investigada na época.
Benedito Rodrigues de Oliveira Neto
Naquele período, articuladores já alertavam: caminhar ao lado de Pimentel significaria desgaste político profundo, principalmente para prefeitos recém-eleitos que tentavam preservar a imagem limpa diante de uma sociedade cansada de escândalos.
E o povo realmente já dava sinais claros de que não aceitava mais a velha política dos acordos subterrâneos, conchavos e troca de favores.
A INDIGNAÇÃO QUE AUMENTA A CADA ANO
O que revolta — e revolta muito — é observar a percepção crescente de dois pesos e duas medidas no país.
Em um extremo, há casos de políticos envolvidos em denúncias milionárias de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos que permanecem anos e anos sem punição real, muitas vezes circulando livremente pela vida pública como se nada tivesse acontecido.
No outro extremo, há pessoas sendo tratadas como criminosos perigosos por expressarem opiniões, participarem de protestos ou, até mesmo, por atos simbólicos como pichar uma estátua com batom.
Enquanto isso, cresce a sensação popular de que:
- criminosos condenados por narcotráfico estão sendo liberados pela porta da frente;
- inúmeros habeas corpus concedidos pelo STF beneficiam réus de crimes graves;
- bens apreendidos, provenientes de atividades ilícitas, acabam sendo devolvidos a criminosos;
- e, paradoxalmente, o cidadão de bem é perseguido, criminalizado e punido com rigor máximo por atos de opinião ou protesto.
A indignação se multiplica porque a mensagem percebida pela sociedade é brutal:
o sistema parece proteger quem fez mal ao país e punir quem ousa discordar.
O SISTEMA QUE ESCOLHE QUEM DESTRUIR E QUEM PROTEGER
A sensação que se espalha é de um Brasil juridicamente fraturado, onde algumas figuras políticas e criminosos de alta periculosidade parecem navegar com facilidade pelas brechas do sistema, enquanto outros são esmagados com rapidez, severidade e exposição midiática.
Para parte expressiva da população, a justiça virou um tabuleiro desigual — onde não importa apenas o que a pessoa fez, mas quem ela é, a que grupo pertence e quem a protege.
E é isso que alimenta a revolta nacional.
O RECADO DO POVO CONTINUA O MESMO — E AGORA É MAIS ALTO
A população já cansou.
Cansou do teatro jurídico.
Cansou da impunidade seletiva.
Cansou do faz-de-conta institucional.
Cansou de ver corruptos e criminosos com portas abertas enquanto pais e mães de família são perseguidos.
Prefeitos, vereadores e lideranças que insistem em se aliar a figuras marcadas por escândalos correm sério risco de terem seus nomes manchados.
O eleitor já mostrou que não tolera mais alianças com quem representa o pior da política — e isso pode custar, sim, uma reeleição.
O povo brasileiro não aguenta mais viver em um país onde a balança da justiça parece calibrada para beneficiar uns e punir outros com rigor seletivo.




