(*) Aurélio Vidal
Pela primeira vez na história vejo o povo sertanejo se colocando de pé e se prontificando a encarar uma batalha em defesa dos seus direitos. Essa iniciativa contrasta com a atitude da nossa sociedade, acomodada e omissa diante das mazelas e da opressão promovidas pelo setor público no que diz respeito à demarcações de terras.
Nas duas últimas décadas, os interesses de alguns grupos políticos avançaram vorazmente na busca pelo poder máximo sob a capa do autoritarismo. Um sistema que tem rasgado a Constituição, oprimindo o cidadão de bem e roubando os direitos do valoroso povo brasileiro. Esse sistema perverso e cruel tem aprisionado pessoas de bem, matado a esperança e a dignidade do nosso povo de maneira cruel e covarde, demarcando reservas e multando famílias que vivem nessas regiões há décadas.
E um fato isolado, bem aqui no sertão das Minas Gerais, tem provocado descontentamento na população: a invasão das Organizações não Governamentais (ONGs) que supostamente dizem estar a serviço da preservação, mas que na verdade já deixaram claramente que estão a serviço do capital estrangeiro, defendendo interesses de grupos políticos e de ONGs de outras fronteiras. Nesse sentido, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs conseguiu desmascarar grande parte desse mecanismo notoriamente suspeito. Assim, a revolta dos índios da Amazônia não tem sido injusta; o ódio do povo sertanejo do Pará, Maranhão e outros Estados não é por mera conveniência. São pessoas que estão sentindo a chibata nas costas sob forte opressão, mas a máscara dessas ONGs já começou a cair, não conseguindo mais enganar o povo que grita e clama por justiça.
E por aqui, como eu havia adiantado, tenho percebido o povo norte-mineiro, de maneira solitária e abandonado pelos poderes, também se levantando para fazer esse enfretamento. Já adianto que a região do Alto Rio Pardo está prestes a fazer história. O povo sertanejo, que sempre viveu de maneira humilde, está despertando para a realidade, se colocando de pé e cobrando respeito. E esse povo está disposto a lutar verdadeiramente em defesa das suas propriedades e da sua dignidade. Pessoas essas que de maneira humilde e tranquila sempre viveram nos grotões, apesar de terem sofrido ao longo dos anos um total descaso. Pessoas que vivem onde as políticas públicas não chegam para contemplar famílias, que mesmo diante da falta de assistência dos poderes que sempre negaram o atendimento básico de maneira efetiva, eficaz e necessária como deveria ser, nunca criaram nenhum tipo de conflito. Querem apenas o direito de viver em paz e com autonomia sobre suas terras.
Mas agora, diante desse quadro abusivo das ONGs, que de forma covarde tem tirado o sono e o direito desse povo, a população sertaneja acordou. Estão saindo da área de conforto para fazer esse enfrentamento em defesa do que lhes pertence por direito.
Eu fico feliz por ter a oportunidade de fazer parte desse momento tão importante para a nossa região norte-mineira e todo o Estado. E esse enfretamento teria que partir de algum ponto. De algum lugar.
Parte agora daqui! De Nova Aurora, uma comunidade rural de Rio Prado de Minas.
E ao que se percebe, coube aos humildes sertanejos do Alto Rio Pardo cravar essa importante e legítima ação em defesa do território na história recente do povo mineiro!
(*) Jornalista