Por Aurélio Vidal
Do coração do Norte de Minas ao cenário internacional, o Cerrado mostrou sua força e seu sabor. O o sertão norte mineiro esteve bem representado na Expoalimentaria 2025, realizada em Lima, no Peru, palco de um momento histórico: os frutos e produtos do nosso sertão foram apresentados ao mundo como símbolos de identidade, inovação e futuro.
Um Cerrado que atravessa fronteiras
Foram dias intensos de negócios, aromas e encontros. Mais de 1.600 compradores internacionais circularam pelos corredores da feira considerada a maior da América Latina no setor de alimentos e bebidas. Em meio a esse universo plural, lá estava o Norte de Minas, ocupando seu espaço com dignidade e encantando quem passava pelo estande dos projetos Sabores dos Geraise Núcleo do Pequi.
O que se viu foi uma verdadeira vitrine da biodiversidade: derivados de pequi, baru e jatobá, charcutaria artesanal, castanhas e produtos de cooperativas regionais. Cada item carregava consigo não apenas qualidade, mas também a alma de um povo que aprendeu a transformar a adversidade do sertão em sabor e oportunidade.
Orgulho que vem da terra
Para os nossos produtores e representantes, ficou claro que o momento era mais que comercial: era cultural. “Estamos preparados para transformar nossos frutos em negócios globais sem perder nossas raízes”, Relatou Daniel Vieira, diretor do Núcleo do Pequi.
Sara Alves de Mello, à frente do projeto Sabores dos Gerais, resumiu em poucas palavras o sentimento coletivo: “É motivo de orgulho representarmos nossa região”. Orgulho que eu, como jornalista sertanejo, sempre busquei compartilhar. Principalmente ao saber da interação de japoneses, italianos, colombianos e americanos provando, aprovando e já vislumbrando nossos frutos em suas prateleiras.
O Cerrado premiado
O ápice da participação brasileira foi a conquista do prêmio de Melhor Pavilhão da Expoalimentaria 2025. O feito, que teve contribuição essencial do Norte de Minas, foi recebido com emoção. Nos pratos preparados pelos chefs brasileiros, estavam o pequi, o baru e o jatobá — sabores que surpreenderam e conquistaram os jurados.
Era mais que uma vitória gastronômica. Era o reconhecimento de que o Cerrado pode dialogar com o mundo, levando saúde, autenticidade e diversidade para além das nossas fronteiras.
Uma ponte chamada Expomontes
Essa jornada internacional teve início em julho, em Montes Claros, durante a Expomontes 2025. Ali nasceu a Caravana do Agroexportador, promovida pela Sociedade Rural em parceria com o MAPA e a Seapa-MG, que abriu portas para a seleção de empreendimentos locais rumo à missão no Peru.
O presidente da Sociedade Rural, Flávio Gonçalves Oliveira, resumiu bem o sentido desse movimento: “A Expomontes é mais do que uma feira. É um catalisador de sonhos e oportunidades que agora ecoam além das fronteiras brasileiras.”
Sementes para o futuro
Quem caminhava pelos pavilhões de Lima, percebia que o impacto não se media apenas em contratos e cifras. Ele se mede na visibilidade conquistada, no encantamento gerado, nas portas que se abrem para pequenos produtores, cooperativas e empreendimentos que nascem da terra árida, mas fértil em possibilidades.
O Cerrado não exporta apenas produtos: exporta identidade, cultura e resiliência. A cada degustação, a cada olhar curioso de um comprador estrangeiro, estava um pedaço do nosso sertão sendo reconhecido e valorizado.
De Montes Claros para o mundo, seguimos com a certeza de que o futuro já começou — e ele tem gosto de pequi, cheiro de baru e a força inquebrantável da nossa gente.
Imagens: Expoalimentaria/Daniel Vieira/Sara Alves