ATAQUE AO AGRO – Uma Piada de Mau Gosto com Cheiro de Manobra — O Absurdo da Lista de Espécies Invasoras

Uma Piada de Mau Gosto com Cheiro de Manobra — O Absurdo da Lista de Espécies Invasoras

Por Aurélio Vidal – Jornalista

Confesso: poucas vezes fiquei tão revoltado ao ler uma notícia. E olha que já vi de tudo neste país, principalmente quando o assunto envolve decisões “técnicas” vindas de gabinetes distantes da realidade produtiva do Brasil. A ideia de incluir o eucalipto, o pinus, a mangueira, a goiabeira, o camarão-vannamei, a jaca e até a tilápia na lista de espécies invasoras elaborada pela Conabio, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, é simplesmente estarrecedora.

Deixo aqui registrada minha indignação. Isso, para mim, não passa de uma jogada política disfarçada de precaução ambiental. Uma típica artimanha de burocratas e agentes públicos que parecem querer criar um problema para, depois, oferecer a solução — sempre com um preço embutido, geralmente pago pelo setor produtivo.

E não me surpreenderia se essa ideia tivesse a digital da “ministra tartaruga”, que, ao que tudo indica, vem se movimentando com a mesma lentidão das políticas ambientais que emperram o Brasil. Não é possível que um governo que se diz defensor do desenvolvimento sustentável e da economia verde aceite esse tipo de insanidade sem ao menos medir suas consequências econômicas e sociais.

Como jornalista e observador do meio rural há anos, sei o peso que a silvicultura e a fruticultura têm na economia nacional. O eucalipto e o pinus, por exemplo, sustentam cadeias inteiras — desde a produção de celulose e papel até o carvão vegetal, a madeira tratada e o MDF. A mangueira e a goiabeira são fontes de renda de milhares de pequenos produtores espalhados pelo Brasil. Já pensaram o que significa tachar essas culturas de “invasoras”? É o mesmo que declarar guerra ao próprio campo brasileiro.

Deixo aqui registrada minha indignação. Isso, para mim, não passa de uma jogada política disfarçada de precaução ambiental. Uma típica artimanha de burocratas e agentes públicos que parecem querer criar um problema para, depois, oferecer a solução — sempre com um preço embutido, geralmente pago pelo setor produtivo. Jaca, goiabeira e até a mangueira entraram na mira dos supostos defensores do meio ambiente. Um absurdo que beira o inacreditável.

E aqui faço um parêntese importante: falo também com preocupação pelo setor produtivo norte-mineiro, segmento que defendo há anos e conheço de perto sua força e vulnerabilidade. Sei o quanto o AGRO é essencial para o Brasil, para Minas e para a nossa sofrida e abandonada região. Enquanto o governo federal insiste em criar obstáculos, o produtor segue resistindo, mantendo viva a economia sertaneja.

Na última terça-feira (21/10), o deputado petista Reginaldo Lopes participou do Fórum Recinto Aduaneiro em Montes Claros, onde discursou sobre supostos investimentos do governo federal e sobre a importância do agronegócio brasileiro. Eu vi aquilo como um discurso mentiroso e utópico — soa até como poesia, enquanto a realidade mostra outra face: a esquerda vem perseguindo e criminalizando o agro brasileiro, impondo uma opressão sistemática no Congresso Nacional para aprovar as pautas de seu interesse e, não raro, servindo aos anseios do capital estrangeiro, principalmente da China.

E é aí que mora o perigo. A justificativa de que “a inclusão tem caráter técnico e preventivo” é uma armadilha linguística. Ora, se é apenas técnica e preventiva, por que não incluir o arroz, o milho ou a soja, que também são espécies exóticas? A verdade é que o discurso técnico muitas vezes serve para mascarar intenções políticas ou ideológicas. E o resultado prático disso é sempre o mesmo: insegurança jurídica, retração econômica e mais burocracia.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) fez bem em reagir com firmeza, chamando o projeto de “piada de mau gosto”. É exatamente isso. Uma piada — mas de mau gosto e com consequências sérias. Só a tilapicultura, caso fosse afetada, poderia perder R$ 12,5 bilhões anuais no Valor Bruto da Produção. E quando se estende esse raciocínio ao setor florestal e frutícola, o impacto seria devastador.

O que mais me espanta é ver um Ministério que deveria buscar o equilíbrio entre preservar e produzir, se comportando como um inimigo da produtividade. É preciso entender que a sustentabilidade não se faz demonizando espécies cultivadas sob manejo técnico e responsável. Sustentabilidade é diálogo, é ciência aplicada ao desenvolvimento — não é proibição, nem paranoia ecológica.

Portanto, se essa proposta de fato avançar, estaremos diante de mais uma demonstração de como o Brasil insiste em criar dificuldades para depois vender facilidades. Não será surpresa se, no futuro, algum “acordo” for costurado — sob o pretexto de “ajustes técnicos” — para aliviar setores estratégicos. Tudo calculado, tudo muito bem jogado.

Deixo aqui o meu protesto e o meu alerta: não se pode aceitar que decisões absurdas como essa passem despercebidas. Defender o meio ambiente é um dever, sim — mas destruir o setor produtivo em nome de uma tese confusa e desconectada da realidade é um crime contra o bom senso e contra o Brasil que trabalha.

No mais, só posso repetir as palavras do deputado Pedro Lupion: “Não há a mínima possibilidade de isso ser levado a sério”. Pois é, deputado. O problema é que, no Brasil, o que começa como piada de mau gosto quase sempre termina em tragédia econômica.

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