Tenho refletido muito sobre o continente africano e suas incontáveis riquezas. A África, tantas vezes retratada como sinônimo de miséria e atraso, na verdade é um dos lugares mais privilegiados do planeta. Possui 30,37 milhões de quilômetros quadrados — mais do que a Europa, os Estados Unidos e a China juntos — e guarda em seu subsolo 40% das reservas de ouro do mundo, 33% de diamantes, 80% do coltan (fundamental para a tecnologia moderna) e 60% do cobalto mundial, usado na produção de baterias e veículos elétricos.
Riquezas imensuráveis, que poderiam transformar o continente numa potência global. No entanto, a realidade africana é marcada por governos corruptos, interesses estrangeiros e a dominação disfarçada sob novos rótulos. A África é o retrato da abundância saqueada — e o Brasil, infelizmente, caminha pela mesma trilha.
Assim como lá, vivemos sobre um solo abençoado, rico em ouro, ferro, nióbio, lítio, petróleo e terras férteis. Temos tudo para prosperar, mas seguimos reféns de uma elite política cruel e de um sistema que se alimenta da ignorância e da distração do povo.
Venho denunciando, há anos, as investidas silenciosas de ONGs estrangeiras que se instalam em nome da “defesa do meio ambiente”, mas que, na prática, vêm se apoderando de imensos territórios de solo mineral valioso. Isso não acontece apenas na Amazônia. O Espírito Santo e o sertão norte-mineiro, que conheço de perto, também têm sido vítimas desse tipo de colonização disfarçada — onde o discurso ecológico serve de cortina para o controle de riquezas e o cerceamento das comunidades locais.
Essas organizações, financiadas por grandes interesses internacionais, oprimem o nosso povo sertanejo, restringem o uso das terras, interferem nas tradições e impõem regras que ferem a soberania nacional. Enquanto isso, o Estado — enfraquecido e aparelhado — se cala ou se torna cúmplice.
Tenho alertado, mas confesso que, muitas vezes, me sinto pregando no deserto. A sociedade brasileira parece anestesiada, entregue à futilidade das redes sociais e às dancinhas do TikTok, enquanto o país é desmantelado sob seus olhos.
Não é exagero dizer que estamos vendendo o futuro em parcelas. Assim como a África, corremos o risco de ver nossas riquezas transformadas em maldição — exploradas por poucos e pagas com a miséria de muitos.
O que mais me inquieta é perceber que a destruição não virá apenas de fora, mas também de dentro, pela conivência, pelo silêncio e pela alienação coletiva.
A África ainda representa o futuro da humanidade, dizem alguns — e eu concordo, desde que consiga se libertar dos grilhões que a prendem há séculos.
O mesmo vale para o Brasil: ainda há tempo de reagir, mas será preciso mais que discursos. Precisaremos de consciência, patriotismo e coragem para enfrentar os verdadeiros inimigos da nação.
Porque de nada adianta termos o ouro, o ferro e o nióbio, se perdermos aquilo que é mais precioso: a dignidade e a soberania do nosso povo.
— Aurélio Vidal