Por Aurélio Vidal – Jornalista
Em terras do sertão norte mineiro, poucos lugares me impressionaram tanto quanto o Parque Estadual Serra Nova e Talhado. Um território de natureza bruta, viva e surpreendente, onde o Cerrado revela sua força entre serras, nascentes e formações rochosas de tirar o fôlego.
Com quase 50 mil hectares de área protegida, o parque foi criado em 2003 e se estende por cinco municípios: Rio Pardo de Minas, Serranópolis de Minas, Mato Verde, Porteirinha e Riacho dos Machados. É uma das maiores unidades de conservação da região e concentra boa parte de seus atrativos nos arredores do distrito de Serra Nova, em Rio Pardo de Minas — porta de entrada para quem quer conhecer esse santuário ecológico.
O que mais me encanta por ali é a diversidade: campos rupestres, matas fechadas, morros e grotas que compõem um cenário esculpido pelas Serras do Espinhaço e da Serra Geral. Em meio à vegetação nativa, com Jataipeba, Aroeira e Sucupira, brotam nascentes de rios importantes como o São Gonçalo, Ventania, Suçuarana, Bomba, Ladim e o Córrego da Velha — verdadeiras fontes de vida do Alto Rio Pardo.
A visitação é permitida diariamente, das 8h às 17h, sendo recomendável chegar até as 15h. Os serviços de alimentação e hospedagem ficam nas comunidades do entorno, com boa receptividade e charme sertanejo.
Entre os atrativos que já percorri, destaco a Cachoeira do Talhado, os impressionantes Cânions da Trilha do Talhado, o Poço do Jacaré e o Escorregador, todos localizados na região de Serra Nova. As trilhas são bem sinalizadas e de fácil acesso, com percursos que variam entre 800 metros a 4 quilômetros, dependendo do ponto de partida. Algumas podem ser feitas parcialmente de carro.
Na companhia do Sidney, ele é um dos agentes do IEF, que contribui para a segurança e preservação daquele importante santuário ecológico,
A trilha do Poço do Jacaré, por exemplo, segue acompanhando o curso do Rio Suçuarana, revelando rochas milenares e a fauna típica do Cerrado. Já a do Escorregador pode durar até cinco horas (ida e volta), mas há opção de reduzir o trajeto com transporte até o ponto inicial.
Vale lembrar: é proibido o consumo de bebidas alcoólicas e a entrada com recipientes de vidro. E para quem deseja ir além da contemplação, o parque oferece travessias mais longas com o acompanhamento de guias cadastrados, passando por cachoeiras, pinturas rupestres e paisagens que nos fazem entender a grandeza desse lugar.
O Parque Estadual Serra Nova e Talhado é mais que um atrativo turístico — é um território de memória, biodiversidade e resistência. Um símbolo de que o sertão guarda riquezas muito além daquilo que se vê à primeira vista. E tenho orgulho de acompanhar de perto esse novo capítulo do ecoturismo no Norte de Minas.