Por Aurélio Vidal
Hoje é o Dia do Feirante, e não consigo deixar de lembrar de tantos rostos que cruzaram meu caminho ao longo das minhas andanças pelo sertão norte-mineiro. São homens e mulheres que, todos os dias, levam à mesa de nossas casas os frutos do trabalho da terra, alimentos frescos, cheios de vida, cheiros e cores que encantam o olhar antes de chegar ao paladar.
Lembro-me das primeiras feiras que visitei, ainda menino, quando o movimento era modesto, mas a energia era imensa. As barracas cheias de frutas, verduras, legumes e temperos contavam histórias de famílias inteiras dedicadas à terra. Ali, cada sorriso, cada negociação, cada gesto tinha um valor que ia além do dinheiro: era cultura, tradição e cuidado com quem consome.
“Acompanho as feiras livres há mais de 35 anos. O bebê deitado sobre a banca é o Alessandro, filho do nosso amigo Arnaldo, feirante e morador da comunidade do Pradinho, em Montes Claros. Ele, é o mesmo jovem que hoje aparece ao meu lado na outra foto. Literalmente teve a feira como berço e, dessa escola de vida, fez-se um feirante respeitado, que honra a tradição da família e garante o sustento com garra e dignidade.”
O Dia do Feirante, comemorado em 25 de agosto, nasceu para celebrar justamente esse encontro entre quem produz e quem aprecia. A primeira feira livre aconteceu em São Paulo, em 1914, quando 26 feirantes levaram seus produtos diretamente às pessoas, garantindo qualidade e preços mais justos. E desde então, a feira se tornou espaço de convivência, aprendizado e alegria.
Hoje, ao percorrer as feiras do Norte de Minas, sinto que tudo permanece: o cheiro da mandioca recém-ralada, o toque das verduras ainda orvalhadas, a conversa amistosa e o cuidado de quem trabalha a terra com dedicação. Frequentar a feira é uma experiência que alimenta o corpo, mas também a alma.
Neste 25 de agosto, quero homenagear cada feirante que mantém viva essa tradição, que nos ensina a valorizar o natural, a sazonalidade e o simples prazer de escolher os alimentos com carinho. Que possamos sempre reconhecer o quanto eles são essenciais — não apenas para a nossa alimentação, mas para a identidade e a vida do nosso sertão.